quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Altruísmo Doloso

Tela: The Lovers, de René Magritte.
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Ele a beijou como se fosse a última vez. E era. Olhou-a, despedindo-se. Era bem assim que ele imaginava o fim: poético. O amor era grande demais, já não cabia nele. Não conseguia conviver com isso. Era maior que ele, transbordava. Atirou-se do décimo sétimo andar com os olhos fechados. A queda livre era a sua liberdade do sentimento imenso que o sufocava. Talvez agora ele ficasse bem, pensou ela, ao entrar no elevador.
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Ouvindo Refazenda, nas vozes de Djavan e Letícia Sabatela (adorei, Edu!)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Oferta



- Você me quer?
- Quero. Muito.
- Então me coma sem educação, sem modos, esqueça a etiqueta. E diga, depois de tudo, que não quer sobremesa, que só quer repetir o prato principal...


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Vamos às indicações para o selo "Este blog vale a pena conferir" que ganhei, com honra, do Vicente, do Palavras quase ocultas de um ser real... (obrigada, moço!). Utilizarei o mesmo critério de sempre: escolherei os blogs que mais visito, gosto e que não têm o selo.

Mila, do Caixa de Sapato;
Sollers, do Do amor, laico impropério;
B., S. e G., do Sobre Mortes;
Edu, do Sanctuarium;
Camila, do Belas Coisas Simples; e
Gabriele, do Strawberry Fields.

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Acho que vou aderir ao bom hábito de colocar a música que estou ouvindo no momento da postagem:
Cicatrizes, Roberta Sá, com participação especial de MPB4.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Ton sur ton



Ela terminara o namoro há meses e ele ficara (e continuava) inconformado. Agia como um doente. Sorrateiramente a seguia, espionava, perseguia. Ela, por sua vez, tinha medo dele. Achava-o capaz de fazer com ela as piores perversidades. Vivia sobressaltada. Sempre esperando sofrer uma tentativa de agressão ou algo que o valha. Não dormia direito, tinha sonhos terrivelmente violentos com seu algoz. Aquilo só podia ser orgulho ferido, era doentio demais para ser amor, pensava. As olheiras, as roupas nitidamente sujas, o mau cheiro, os quilos perdidos. Ele devia estar há dias sem tomar banho. E isso só a assustava mais.

Em casa, após um dia de trabalho, no começo da noite, soa a campainha de seu apartamento. À espera de uma amiga, enrola-se na toalha e abre a porta.
Depara-se com aquela figura medonha, pavorosa. Tenta fechar a porta, mas ele a força e entra. Ensaia um grito, ele a impede.
Ela nota, então, que ele esconde algo na mão esquerda, nas costas. Desvencilhando-se daquele braço forte, se atira sobre o ex-namorado com uma faca e a enterra em seu ventre repetidas vezes, até ficar ofegante, cansada.

À mão esquerda do corpo sem vida, caído, uma rosa vermelha se revela e se confunde com o vermelho do sangue que se esvai.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Homicídio culposo



- Por que você não enfia uma faca no meu peito?
- Estás maluca?
- Garanto que doeria menos.
- Pára de fazer drama! Eu nunca menti pra você.
- Ah, não? E aqueles olhares apaixonados?
- Faziam parte do jogo de sedução.
- Você precisava se ver quando eu dançava pra você.
- Todo homem fica enlouquecido com mulheres que fazem dança do ventre. Aqueles movimentos... tão convidativos... É tesão, não tem nada a ver com amor e seus parentes próximos.
- Você está me matando com isso.
- Eu preciso ir embora.
- Isso, corre pros braços da amélia que te espera em casa! Aquela sem sal nem açúcar. E pior: sem pimenta!
- Eu nunca te dei liberdade pra falar assim da minha mulher!
- Você nunca me deu nada. Só sexo.
- De boa qualidade.
- É verdade. Não posso discordar. Então é a única coisa que posso te pedir na nossa despedida.
- Só se eu tiver direito a um pedido também.
- ...
- Dança pra mim?!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Abismo



PARTE II

O dia seguinte... o maior inimigo de quem bebeu no anterior para fazer o que não teria coragem se sóbrio. Por que sua memória não fizera a gentileza de apagar o fatídico telefonema da lembrança? Pensou. Acordara com uma dor de cabeça dos infernos e com o ego mais dolorido ainda. Passa o dia atarefada. Dispersa, entretanto. Reflete sobre como agir no próximo telefonema. O telefone toca. Seus olhos se arregalam. Coincidência demais, não é possível. Atende, desdenhosa.

- Luiza, please.
- ...
- Hello?
- Oi, Mauro...
- Ah, é você...
- É, acho que sou.
- E ontem? Era você também?
- Eu fora de mim. Serve?
- Em sua melhor forma então.
- Há controvérsias...
- Não creio. Acordou bem?
- Sim, e tem tempo.
- Esqueci o fuso horário.
- Hum...
- Você quer me dizer alguma coisa que não me disse ontem?
- Se eu não te disse bêbada, não espere que eu diga sóbria.
- Então eu tenho algo pra te dizer.
- Pode falar.
- Eu não sei o que vai acontecer conosco daqui até quando puderes vir ao Brasil, mas quero que saibas que eu estou disposto a te esperar. E se também quiseres, vou fazer isso tão ansiosamente que não fazes idéia.
- Mas, Mauro...
- Eu lembro bem do teu cheiro quando saías do banho, dos teus cabelos molhados encharcando o meu travesseiro. Do cuidado em enrolar bem a toalha, quando o que eu mais queria era que ela caísse. Éramos tão novos... mas não somos mais, Luiza. Já conhecemos o sexo e as delícias que ele traz consigo. Não aguentaria mais dez anos sem te ter nua nos meus braços.
- ...
- Não precisa dizer nada. Só pensa no que eu disse e decide se aceitas a proposta.


Ela ficou com o telefone na mão, olhando detidamente pela janela. A neve caía lá fora.
Luiza acendeu a lareira e sentou no chão. Nada era capaz de tirá-la do transe em que havia entrado desde que ouviu a ligação sendo interrompida do outro lado.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

(Des) Encontro

Ela entra no coletivo, senta em um assento qualquer. Sente-se observada por um rapaz que está próximo a ela. Estão separados apenas por um lugar vazio. O olhar insistente a incomoda. Os óculos escuros dão mais liberdade na averiguação de seu observador. Ele continua a contemplá-la ininterruptamente, como que hipnotizado. Ela olha em sua direção. Constrangido, baixa os olhos e cora. Com um sorriso no rosto, ela volta a olhar para frente. Homens tímidos são um charme, pensa.
Novamente ela sente aquele olhar quente sobre si. Tira os óculos escuros e começa a limpar as lentes na barra da saia. Ele acompanha seus movimentos. Olha-o com um semi-sorriso no rosto e esbarra em olhos tão verdes que todo o resto pareceu se tingir de preto e branco. Ele sorri de volta. Agora é ela quem baixa os olhos.
Durante um tempo que ela jamais poderia precisar, mas que parecera uma eternidade, eles não se olharam mais.
Ela só voltou a mergulhar nos olhos dele quando ouviu um "com licença" e respondeu com um triste "pois não"... O olhar dele disse tantas coisas ao mesmo tempo que ela não conseguiu ler nenhuma delas. Apenas o viu descer, ficar parado na calçada olhando-a e acenando com a mão, num adeus que ela só pôde retribuir, com pesar.
Penalizou-se pela falta de iniciativa, por não ter feito nada e odiou-o pelas mesmas razões.
No minuto seguinte pensou que essa fosse talvez a melhor maneira de algo acontecer: sem chance de decepções, uma boa lembrança, uma página a ser escrita. O semi-sorriso voltou ao seu rosto e ela seguiu viagem.


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Recebi da fofa da Gabriele Fidalgo, do Strawberry Fields, o selo "Blog Cabeça". Obrigada, Gabi, mesmo. É sempre uma honra ser premiada por alguém que escreve como ela escreve. Tento dar o selo para quem não o tem ainda, então os meus indicados ao selo são:

A Mila, do Caixa de Sapato;
A Lucia, do Cena 7;
A B., do Devaneios & Loucuras;
O Sollers, do Do Amor, Laico Impropério;
O F.S. Júnior, do Gamella; e
O Edu, do Sanctuarium.

Sei que muitos não curtem esses selos, mas nesse caso é só ignorá-lo. :P
Para quem o quiser, ei-lo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Alforria póstuma


Ao descobrir as incontáveis traições, uma após outra, sem cuidado, lealdade ou pudor, ela tomou uma decisão: pôs todas as recordações do amor - com as bobagens, tolices e pieguices em anexo - que vivera sozinha, chamou um táxi e deu ao motorista o endereço do cemitério mais próximo. Em um ponto qualquer, entre uma sepultura e outra, cava com as próprias mãos a cova rasa, embora mais funda do que merecia, pensa. Deposita a caixa na cova. Suspira. Cobre-a. Na lápide improvisada com madeira e carvão, o epitáfio sofrido: aqui jaz um amor que jamais existiu. Deposita as rosas vermelhas sobre o jazigo, levanta-se, lança um sorriso perturbado acompanhado de um olhar perdido e começa a se dirigir ao portão principal. Pára, entretanto. Volta-se segurando as saias. Dá alguns passos em direção à cova e cospe sobre ela. Gargalha. Era, enfim, sua carta de alforria.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Apólice


- Me dá um beijo daqueles de cinema?
- No corpo ou na alma?
- A minha alma me tomaste no primeiro olhar que cruzamos, já é tua. O meu corpo foi a única coisa que me deixaste. E é nele que eu quero o beijo.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Ego

Parte 4

Após desligar o telefone, Júlia pensou no quanto suas técnicas anti-românticas, como ela gostava de chamá-las, eram cruéis com ela mesma. Fizera um esforço sobre-humano para não puxar Pedro pelo colarinho e beijá-lo enlouquecidamente. Ou ainda intimá-lo a entrar e passar a noite toda com ele.
O único problema era o dia seguinte. Os homens com os quais estivera sempre ligavam compulsivamente nos dias posteriores, com uma ânsia irritante por uma nova saída, falavam em cinema, pipoca, teatro... coisas que ela adorava, mas que eram típicos programas de namoradinhos.
O que ela queria mesmo era encontrar um homem que a surpreendesse, que passasse dias sem ligar e que num encontro ocasional numa loja de conveniências dissesse algo como: "olá, moça... quanto tempo, não? Dê-me novamente seu número de celular, eu o perdi. Podíamos marcar de sair qualquer dia desses. Que tal?" Talvez por esse tipo de homem ela se encantasse, se perdesse. Tivera a desventura de nunca cruzar com um desses.
Não, ela não gostava de ser maltratada, não era nada disso. Ela apenas não gostava de senti-los tão à mão. A dificuldade a fascinava.
***
Pedro olhava o relógio, que acusava alta madrugada, mas não conseguia dormir. Ficara intrigado com a mudança de postura de Júlia. Gostava de mulheres complicadas. Sempre fora seu fraco. Imaginava-as como labirintos, que têm em seu centro um prêmio inestimável. Mas e depois do prêmio alcançado? Essa era a questão... as mulheres com quem estivera até então sempre chegavam a um ponto em que pareciam não ter mais nada a oferecer. O prêmio já fora ganho. C'est fini.
Resolveu não ligar nos próximos dias. Talvez fosse o melhor a fazer. Quem sabe? Talvez ela o procurasse... Devia estar acostumada a ser procurada sempre. Queria fazer diferente.
***
- Faz três dias que nós saímos e ele não ligou. O que achas que isso quer dizer?
- Basicamente duas coisas: ou ele não gostou de ti, ou ele tá fazendo tipo.
- Bom, ele me beijou... isso aumenta as chances de ele estar fazendo tipo?
- Não exatamente. A conta, por favor.
- E o que eu faço?
- Não sei, mas se cuide, minha amiga... nunca te vi insegura assim.
- É, nem eu... Talvez ele seja o cara que eu procurei. Aquele que não fica à minha disposição, como os outros. O que me deixa fazer as coisas, não pensa em tudo.
- E o que você vai fazer quanto a isso?
- Eu o quero. Vou procurar nossos amigos alcoviteiros em comum e descobrir a rotina dele, os lugares que costuma ir e fabricarei um encontro ocasional.
- Muito bom. Agora vamos que está ficando tarde e eu tenho que passar lá no trabalho ainda pra pegar uns papéis.
- Ok. Vamos indo.
***
Ao chegar em casa, Júlia pega a agenda de telefones e marca os nomes das pessoas que podem ajudá-la. Olha o relógio e decide ligar no dia seguinte, já estava tarde e ela ainda precisava elaborar o texto que usaria para justificar seu interesse.
A noite seria longa.
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PS.: Talvez eu não escreva aqui por umas duas semanas. Ou não, vai saber. Mas estarei bem enrolada até o final do mês. Então, caso eu não consiga mesmo aparecer, fica um abraço a todos os que aparecem por aqui freqüente e esporadicamente.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Inimigo Abstrato

Olhando indiscretamente um homem que passava, pensou no quanto sonhara em ter um daquele para si: barba bem feita, perfume caro, roupas bem passadas e alinhadas... Mas o destino não lhe fora muito camarada. Pelo contrário. Pensou que ele mais parecia odiá-la. Refletiu também sobre como sonhar é doído. Ajeitou os seios dentro da blusa transparente, pôs um sorriso triste no rosto e fez sinal para o caminhoneiro de sempre.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A viúva

Todos os dias o coveiro a observava. Ela era de uma beleza impossível de passar despercebida. Sempre às 11 da manhã pontualmente ela cruzava o portão do pequeno cemitério no centro da cidade. Ele sempre pensava que tipo de homem podia morrer tendo uma mulher daquela como esposa. Na melhor das hipóteses um idiota.
Observou-a de longe por dois meses, até que resolveu se aproximar do túmulo ao qual aquela mulher se dirigia religiosamente. Deparou-se com um túmulo pequeno, com o seguinte epitáfio: "Aqui jaz Angélica Venturini. Um anjo que mal teve tempo de fazer jus ao seu nome." E abaixo as datas de nascimento e óbito: 05/01/2005 - 09/11/2007.
Sentindo-se um imbecil, chorou sobre as flores murchas que se acumularam ao longo dos últimos dois meses.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Abismo



PARTE I

Um oceano de dúvidas a separava de si mesma e da possibilidade de se entregar sem tempo para refletir. Um país lindo e repleto de novidades estava ali, estandartizado à sua frente, mas tudo parecia cinza e sem sabor. As cores do outono, tão ton sur ton, eram sempre mais atraentes que as cores da primavera. Era como ela se sentia. Monocromática, variando, quando muito, em tons mais claros ou mais escuros. Normalmente os mais escuros com maior freqüência.
Está dividida entre a calmaria e a inconstância. Suas certezas se dissiparam no momento em que ele reapareceu em sua vida. Ela tentava se convencer a todo instante que o que acontecera entre eles havia sido coisa de criança, brincadeira, namorico de infância. Essa era a versão que ela contava a si mesma. Uma década, entretanto, não fora suficiente para apagar as lembranças, ainda cheias de detalhes. Isso havia de significar algo.
Os telefonemas e trocas de correspondências só a confundiam mais. Sabia que precisava tomar uma decisão, mas não conseguia pensar em nada que não doesse e isso tirava seu sono, sua paz...
Procurou uma boate, aquele lugar de pessoas tristes e solitárias, bebeu muito e oscilou entre a vontade de ligar para ele para não dizer nada e o resto de razão que o álcool ainda lhe deixara por piedade. Ligou.
- Oi...
- Oi, você estava dormindo?
- É um bom motivo pra ser acordado.
- Na verdade eu nem sei pra quê te liguei.
- Então eu posso te dizer?
- Se você souber...
- Porque você não consegue lidar com a confusão que eu estou gerando na tua cabeça, ficas entre o seguro, que é o teu namorado, e eu, o inconstante, o incerto. E o teu estado etílico te deu um empurrãozinho pra que tu me demonstrasses isso, já que lutas tanto contra quando estás sóbria.
- Quanta sutileza...
- Aposto que estás corada agora.
- ...
- Ficas tão charmosa quando coras...
- Acho que meu pileque passou... preciso desligar.
- Espera!
- Adeus.


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A Lúcia, do Cena 7, muito gentilmente me presenteou com o selo "Uma Mulher que Faz Pensar", que eu não conhecia, achei de muito bom gosto e fiquei feliz de receber. Obrigada, moça. Agora eu vou fazer minha lista de indicadas (meninos, perdoem-me, mas o selo não pode ser dado a vocês) e vou seguir a dica da Lúcia, que disse para escolher um número entre 1 e 11 que achemos que nos dá sorte. Então fico com o número 7. Vamos a elas:

Mila, do Caixa de Sapato; Laís Mouriê, do Lá no mundo de Lá; as meninas do Mulheres que Não Sabem Provocar; Samantha Abreu, do Mulheres Sob Descontrole; Lari Nakao e Jô Beckman, do Sim, Senhora!; Gabriele Fidalgo, do Strawberry Fields; e as meninas do Versos de Falópio, que têm algumas indicadas também por seus blogs pessoais.

Eis o selo, peguem-no. ;)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Heresia



- Padre, eu pequei... pequei e peco todos os dias.
Especialmente quando venho aqui.
O senhor, com este cheiro de loção pós-barba, de batina recém-passada, com este cabelo molhado, este olhar piedoso me enlouquece.
Adoro homens tímidos que não sabem onde colocar as mãos...
É bom ensinar, às vezes...
- Mas, minha filha...
- Isso, me chama de minha filha... isso é tão excitante... Sabe que eu sempre tive a fantasia de levantar uma batina?
- Minha filha...
- Vai, me chama de louca, de pecadora, de instrumento do Diabo...
- Não é nada disso, aqui tem gente... vamos pra sacristia... lá eu te faço pagar um a um os seus pecados e cometer outros mais.

PS.: Essa foi a imagem que originalmente inspirou o post, mas para quem gostou da outra, que eu perdi, diga-se, aí vai outra envolvendo os mesmos personagens (e só agora me toquei que é a Britney Spears. Argh!)