domingo, 8 de fevereiro de 2015

Dos diálogos previsíveis*


* Texto da amiga Katy Karen Cordeiro, que só me dá gosto.

Sentados no jardim eles conversam e se divertem um com o outro como de costume. À frente deles estão duas taças de vinho tinto, uma paixão que sempre compartilharam.
O amigo: por que você nunca disse uma palavra a respeito?
A amiga: Porque não fazia sentido.
O amigo: E agora faz?
A amiga: Menos ainda.
O amigo: E por que tocar no assunto agora?
A amiga: E por que não? Tens medo de mim ou de ti?
O amigo: Dos dois. Sempre fomos imbatíveis juntos.
A amiga: Por que você nunca tentou nada?
O amigo: Eu tentei. Você é que não percebeu.
A amiga, com a elegância que lhe é característica, respira fundo e oferecendo a ele um leve sorriso, responde calmamente: - Sutileza tem limite.
O amigo: E você? Por que nunca foi franca?
A amiga: Não confunda franca com fácil. Eu sempre estava na mulher que querias ao teu lado, mas na hora de agir, o alvo era sempre outro. Ela sempre tinha que caber na sua insegurança.
O amigo: Você está me culpando?
A amiga: Pelo quê? Não há culpados e nem vestígios se não há crime.
O amigo: De fato... mas por que nunca aconteceu nada? Por que a amizade?
A amiga, fazendo um brinde solitário com o ar, responde: Porque eu queria ficar na tua vida e não passar pela tua cama.
- Tenho que ir. Tenho uma reunião importante daqui a meia hora.
Os amigos (em coro): Fica bem e te cuida.
Sorriem e se olhando profundamente, enfim, reconhecem que o medo de perderem um ao outro fora maior que a coragem de se ganharem(?).