quarta-feira, 25 de junho de 2008

Companheiras

Fotografia retirada do site olhares.com


Quanto mais acompanho histórias de amor do auge à decadência mais gosto de ser um número ímpar. A solidão não grita com você, não implica com roupas, não fecha a cara e nem tem ciúmes por ter que dividir - de modo de desigual, diga-se - sua atenção com seus livros. Por outro lado, não dá colo, não olha nos olhos e nem bebe vinho com você. Na minha balança, entretanto, ela está em vantagem. Eu gosto de beber vinho sozinha.



Ouvindo Longe de Você, Vitor Ramil.

sábado, 21 de junho de 2008

Diálogos Memoráveis VIII*



"- Você me daria a honra de te levar para casa?
- Que engraçado, ia te fazer a mesma pergunta agora mesmo. Mas já ia te perguntar se você gostaria de me levar, já que você insiste em dizer que é sempre tão prática...
- Mas eu estou sendo prática.
- Eu pensei que você acharia mais prático sua amiga me levar, já que ela mora mais perto da minha casa.
- Não, você não está entendendo. Prático sou eu te levando... [sorrindo e olhando nos olhos dele]
- Aaaaa..."


* Escrito e vivenciado por Luiz Gustavo, do Marco Zero 22 (o link tá na lista de blogs recomendados, perdi o código pra colocar links, quem quiser me ajudar mandando o código, agradeço imensamente). Gustavo, obrigadíssima por me mandar o diálogo. :)

domingo, 15 de junho de 2008

Chuvas de verão



Parte I

Ela estava a trabalho naquela cidade. Uma semana. O prefeito disponibilizara a ela um quarto em uma casa da qual alugava quartos para funcionários da prefeitura. Achou que seria melhor do que o isolamento de hotéis. Até porque a cidade não tinha muitos.
A chave parecia não ser daquela porta. Irritada e cansada da viagem de mais de quinze horas, de barco, sentou-se sobre a mala e colocou o rosto entre as mãos.
- Quer que eu tente pra você?
- Por favor.
- É assim: você levanta um pouquinho a porta e ela abre.
- Eu não vou esquecer disso. Obrigada.
- Você é a professora de fora?
- Ah, eu já sou notícia? Sou eu sim. E você é o arquiteto da cidade, que disseram ser meu vizinho de porta?
- É, sou eu.
- Por que o arquiteto da cidade? Os outros não contam?
- Sou o único arquiteto desse lugar.
- Jura?
- Você veio para o fim do mundo. Não te avisaram?
- Acho que não. Mas o fim do mundo não há de ser tão ruim. Tenho até um arquiteto como vizinho.
- Rs. Já almoçou?
- Não.
- Você se instala e almoçamos juntos?
- Aceito. É bom que você me fala mais do que se faz no fim do mundo num final de semana. Descobri que hoje é feriado e que não há a menor possibilidade de começar um curso hoje. Não dá pra competir com santos. A cidade está eufórica.
- É festa do santo padroeiro da cidade. Aproveitamos o almoço pra você me dizer sobre o que será o curso que veio ministrar. Vai que eu me interesso e viro teu aluno.
- Quem sabe? Até mais.
- Até.

Não sabia que santo era aquele, mas de quebra o agradecia por lhe dar um vizinho interessante.

- Pronta?
- Agora sim.
- O que você pretende fazer hoje à noite?
- Deixa eu olhar minha agenda... eu cheguei hoje, menino... deves imaginar que não tenho tantas propostas assim. O prefeito me convidou pra ir à festividade de hoje à noite.
- Vai ser entediante, salvo se você gostar de festas de santos. Vamos fugir dessa bagunça?
- Vamos.
- Que tal uma sinuca?
- Adoro.
- Fechado. Passo pra te buscar hoje às oito.

Era estranha a intimidade que eles tinham. Parecia que já se conheciam... ficavam tão à vontade um com o outro que chegava a ser assustador.

Pontualmente às oito, ela ouve um toque leve à porta.
- Senti o perfume lá do meu quarto, imaginei que isso quisesse dizer que você estava pronta.
- Que detalhista.
- Vamos?
Deram-se os braços e foram caminhando calmamente no sentido inverso ao barulho e à balbúrdia.

- Fala a verdade, você foi campeão nacional de sinuca.
- Nada, você que é ruim mesmo.
- Ah, obrigada pela gentileza.

Sentaram-se.

- Que boa surpresa que foi você. Tem bem pouca gente interessante por aqui.
- ...
- Quando disseram que viria uma professora de fora pra cá eu imaginei uma senhora de óculos.
- Tirando o senhora, você acertou, eu uso óculos, como a maioria das professoras.
- Você é forte pra bebida, hein?
- Nada! Tô vendo tudo girando.
- Então eu já posso me aproveitar de você?
- Nem precisava ter esperado.

Beijaram-se, sorriram, gargalharam e voltaram para casa de mãos dadas.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

No dia dos namorados, passo a palavra a Paulinho da Viola, com sua lindíssima Dança da Solidão. Feliz Dia dos Namorados, queridos.



"Solidão é lava
Que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo...


Solidão, palavra
Cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão, viu?!

Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...

Camélia ficou viúva,
Joana se apaixonou,
Maria tentou a morte,
Por causa do seu amor...

Meu pai sempre me dizia:
- Meu filho tome cuidado!
Quando eu penso no futuro,
Não esqueço o meu passado.

Oh!...Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão, viu?!

Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...

Quando vem a madrugada
Meu pensamento vagueia
Corro os dedos na viola
Contemplando a lua cheia...

Apesar de tudo existe
Uma fonte de água pura
Quem beber daquela água
Não terá mais amargura

Oh!...Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão, viu?!

Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...

Danço eu, dança você
Na dança da solidão...
Desilusão!"

quinta-feira, 5 de junho de 2008



- Os meus espaços vazios que deixei para você preencher foram preenchidos com autoestima. Meu ego não soube esperar. Quem sabe na próxima [vida]?

domingo, 1 de junho de 2008

Infrações não puníveis


- A solidão nunca me assustou, pelo contrário, sempre gostei de sua companhia. Mas o eco que tem feito no meu peito é algo que incomoda e me faz temer que isso seja perpétuo.
- Só se você quiser que seja assim.
- Não exatamente. Parece que alguma porta se fechou e o meu coração é mantido em cárcere privado.
- Chame a polícia então.
- Não há mandado de busca possível.
- E quem julga isso?
- A minha história de amores fracassados.
- Todos temos as nossas. O que não dá é pra desistir.
- Dá sim. Acredite.