
Fora educada para ser uma lady. Pernas cruzadas ao sentar. Guardanapo no colo. Movimentos leves e graciosos. Sem risadas extravagantes... Sempre achara tudo aquilo um tédio e reprimia os bocejos que aqueles jantares monótonos lhe provocavam. O que queria mesmo era se atirar em queda livre sem pára-quedas. Jogar-se nos braços da luxúria sem preocupações com a etiqueta. Amar, amar perdidamente como Florbela, ainda que com a tristeza que lhe é peculiar. Ou principalmente pela tristeza. Dançou pelo quarto como uma plebéia, simulando um par alto e robusto a guiá-la. Queria ter a opção de dois caminhos como Chapeuzinho Vermelho, escolheria, por certo, o das flores. Ou ainda adormecer por cem anos, como a outra. Tranças iguais as de Rapunzel seriam úteis para uma fuga daquelas paredes cinza-masmorra. Desceu à praia. Mirou-se na infinitude da paisagem. E imaginou quão imensa era também sua insatisfação, sua dissimulação. Voltou para casa. O jantar estava servido. Tinham visitas.
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Eu indico para o selo:
- Pushoverboy, do Bloco de Notas;
- Mila, do Caixa de Sapato;
- Jr., do Gamella;
- Gabriela, do Ma Passion Rouge; e
- Johny, do Humano, por enquanto.
14 comentários:
Desprisionar-se das paredes, das etiquetas, daquilo que nos impede de sermos o quê há, nem que seja por um breve momento......
Beijooooo
é por essas e por outras que toda menina precisa de um quarto rosa para chamar de seu :o)
beijos, querida e boa semana,
MM.
Resignada, ela não ousava libertar sua voz. Ou não lembrava-se de. Acostumara-se àquela vida de vícios e rótulos. Era viciada em não conhecer-se. Em não se deixar conhecer. E já nem sabia se sofria, tamanha era a rotina. Mantinha sempre um sorriso nos lábios, mesmo que os olhos implodissem, num pedido mudo e desesperado de si mesma. Não podia demonstrar. Precisava manter a cabeça erguida, a coluna ereta, o coração seco.
(mesmo que, às vezes, ela saísse à chuva, só para ver se conseguia encharcar a alma.)
Lindo, Jô!
Ah, a infinitude da paisagem contrastando com todas as regras sociais em que nos encaixotam à força... Não dá, às vezes, uma vontade imensa de se jogar nesse mar e se perder de tudo, até da gente mesma?
Voltei moça! Enfim meus pedidos foram misericodiosamente atendidos e a internet parece estar funcionando razoavelmente outra vez... te aguardo lá pro café com biscoitos!
Beijo estalado
Menina, adorei o comentário lá no blog. rsrsrs Perfeito!
Ah, seu texto tá ótimo, como sempre! Beijo
São esses os modelos que a sociedade cria, tudo bunitinho e normal tudo caladinho né?
Um dia ela se livra disso, quebra as correntes e se torna aquilo que é. Por coincidência o meu último texto se desenvolve dentro disso que escreveu, pois a contracultura nasceu por causa disso também, pois os jovens já não queriam ser aquilo que a sociedade propunha que fossem.
Sem dúvida Jô, a nostalgia por vezes e bela, quem me dera...
Obrigado pelo Selo :)
Beijo's
suas personagens as vezes sofrem tanto...rs
adorei o selo... brigadão e parabéns...
Por isso que vou criar minha filha para ser educada, mas livre.
Obrigada pelo selo!
Vou criar vergonha na cara e postar junto com os outros que eu ando devendo. rs
Beijo
UAU
Vim aqui te deixar um sussurro e ganho esses dois presentes.
Ai moça, obrigada.
Jô, obrigada pela simpática visita no Luz!
Nós mulheres temos dois universos, um externo e outro interno que não se entendem na maioria das vezes.
Beijus
"Fora educada pra ser uma lady.Pernas cruzadas ao sentar.Guardanapo no colo.Movimentos leves e graciosos.Sem risadas extravagantes..."
Nossa...
Parece que você disse metade da minha vida só nesse trecho.
Infelizmente me sinto assim, sabe como é família, tradição e etc.
Olha adorei o seu poema, perfeito.
Estás de parabéns!
Tu tens muito talento, nunca pare de escrever...
Um abraço.
Bárbara Prianti.
Tem uma música do Cordel do fogo encantado(não sei conhece???) que diz: Mas gritou no jantar "não quero nada! Nada.".
Seu texto é mto bom...mostra o "Dance conforme a música" que estamos sujeitos...
Parabêns
Será que existe esse amar perdidamente sem a tal tristeza que lhe acompanha?
Tenho lá minhas dúvidas.
Viver de aparências também é uma merda.
Ai, ai.
Beijo, linda.
Poww seus texto são muito bons. Gosto de texto vivos como esse, que te coloca dentro da cena que está descrevendo.
bjoss
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