
Sexta-feira à noite, sem grandes e boas propostas de diversão, ela resolve fazer o programa dos solitários: pega duas garrafas de prosecco que ganhara de presente de uma amiga no aniversário, uma taça e liga o computador. Começa a beber, ler algumas coisas, rir mais descontroladamente de outras, responder emails com mais desinibição que o normal, com um humor mais ácido do que quando está sóbria (não que ele já não o seja). Quando ela está abrindo a segunda garrafa, eis que surge uma janelinha com aquele aviso: ELE entrou.
Com um sorriso no canto dos lábios, ela o cumprimenta, falam de amenidades a princípio. Mas ele estranha:
- Você está bem?
- Estou. Por quê? Não pareço bem?
- Não sei... me parece meio diferente hoje.
- Diferente pra melhor ou pra pior?
- Ah, diferente.
- Defina diferente.
- Mais soltinha, acho.
- Hum... é que eu já estou na segunda garrafa de prosecco.
- Estás bebendo com quem?
- Sozinha.
- Sozinha? Interessante...
- É?
- É, é sim... já estás com ar de bêbada.
- E estou.
- Humm... se eu estivesse aí perto pra me aproveitar dessa sua embriaguez...
- Mon cher, você não precisa disso não...
- Não?
- Não, claro que não... pra você eu daria sóbria, não precisarias me embebedar.
- Nossa... essa vai entrar pro hall das frases memoráveis que já ouvi de uma mulher.
- Guarde essa. Porque pra dar pra você eu não preciso estar embriagada, mas pra dizer isso, assim, a seco sim... Não falemos sobre isso amanhã.
* Baseado num diálogo virtual, desta vez.