domingo, 4 de maio de 2008

Dos casos mal resolvidos

Parte IV ou Final
Como fora tola ao não acreditar naquele telefonema que agora lhe vinha à memória com uma nitidez surpreendente:
- Eu me caso amanhã.
- Você só pode estar de brincadeira. E adianto que não tem a menor graça.
- Falo sério.
- Boa sorte então... o que mais posso te dizer?
- Se disser que fica comigo, eu não caso.
- Faz seis meses que não nos falamos e você me liga pedindo uma decisão dessa? Assim, de repente?
- Eu sei que não é a melhor maneira. Mas eu não poderia deixar de dizer que era a sua mão que eu gostaria de segurar amanhã, no altar.
- É... mas não será a minha mão.
- Por que você não quis.
- Você deu a ela aquele par de alianças?
- O nosso? Jamais. Aquele estou guardando pra você.
- ...
- Você vai mesmo me deixar ir?
- Você precisa resolver isso sozinho.
- Só há uma pessoa que me faria não casar amanhã: você. Nada mais justo do que perguntar a você o que acha disso.
- Acho que você deve ficar com quem vai dar o que você espera.
- Ok. Acho que essa é a minha resposta.
- É, é sim...
- ...
- Felicidades.
.
No dia seguinte Isadora foi trabalhar com os olhos inchados e um mau humor evidente até para desconhecidos.
.
- Senhora. Senhora!
- Hã!?
- O taxímetro está ligado.
- Ah, certo... quanto devo ao senhor?
.
Isadora estava anestesiada. Depois de um telefonema como aquele na noite anterior que a deixara num estado deplorável, aquela foto no jornal. O que mais poderia acontecer?
.
- Então, Isadora... você é uma excelente funcionária. Mas estamos cortando despesas... a empresa passa por um momento difícil. Sei que você entende.
.
Se eu encontrar Murphy na rua, ele está perdido, pensou. Passou em uma banca de revistas. Comprou os classificados.

13 comentários:

Camilinha disse...

Sábio aquele ditado: merda pouca é bobagem...rs

Qual seria minha reação neste caso? Acho que eu teria a mesma atitude, infelizmente. Porque, afinal, contos-de-fadas só na sessão da tarde, certo? errado?

beijos daqui...

Unknown disse...

acretivel em meu mundo isso, tudo parece até estórias as vezes...

se eu pudesse contar tudo o que acontece ...

bj

Ane Talita disse...

Caramba...Miséria pouca é bobagem...
Mas ainda acho que esse caso pode ter solução...

beijo!

Dilean de Bragança disse...

Não quero ser negativa...Fazer o q???
Às coisas vão acontecendo na vida real dessa forma mesmo...Disso eu sei!!!

E segue o baile da vida!!

Gostei demais de te ler...

Boa sorte!
Bjus

Mariah disse...

os casos mais resolvidos...são os mais bonitos.
não se dão tempo ao desgaste. ao fim...ficam no ar...como uma obra a espera de uma finalização.
mariah

Bel Gasparotto disse...

Comprar os classificados é coisa de gente que tá desesperada mesmo, rsrs

E esse Murphy, sem dúvida é um grande gozador... pra não dizer palavras de baixo calão...

Bjs!

Luana! disse...

Mas, pow! Embora ela esteja sofrendo, eu não discordo do posicionamento dela diante da decisão dele.
Tá! Ela tb o jogou fora, mas não é casando c outra q ele vai resolver os problemas dele. A decisão era dele.

Mas...tadinha da Isadora!

Anônimo disse...

Isso já aconteceu comigo. Ai ai... com direito a classificados e tudo.
Beijos,
Jô Isadora

Mafê Probst disse...

Seria tão mais fácil se ela simplesmente impedisse que ele casasse, não?

Camila disse...

Se ela tivesse aceitado... Ah, talvez não tivesse sido ela mesma, não é?

Ni ... disse...

Decidir pelos outros? não existe isso... ela estava certa, ele que tinha que decidir...

Beijo Irmã

SHEEVR disse...

Senhorita Jô de ótima escrita, sempre!

Anônimo disse...

(A ''camila'' lá de cima.)