quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Desfaleceu.
No leito de morte, lembrou o que sua mãe dissera:

- Ninguém morre de amor, filha!

Que mentira deslavada. Morreu. De amor. Com um sorriso nos lábios e o coração na mão.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Depois daquela notícia tudo a deixava feliz. Até a piadinha cretina que o flanelinha fazia diariamente a deixava com um sorriso no rosto. Os olhos viraram estrelas. O sorriso era crônico. Ela não conseguia disfarçar. Ela queria contagiar o mundo. Acabar com as guerras, as separações, os acidentes. Sem perdas. Não hoje. Por onde ela passava, a paisagem se coloria.

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Querem saber qual a notícia? Perguntem a ela: Mosaico
Ela vai me matar, eu sei.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Entrelinhas

- Você está especialmente linda hoje.

(Não quero mais mãos dadas. Nem flores. Nada de jantares românticos. Nem luz de velas. Não conheça minha família, nem me abra a porta do carro. Sem gentilezas, por favor. Não venha perfumado. Decida você mesmo o que vai pedir para o jantar, ao menos uma vez. Seja autoritário. Grosseiro. Mande em mim. Utilize as velas outrora usadas para forjar um clima de romance para me fazer sentir dor. Mostre a que veio. Pare de representar. Guarde suas meia-verdades para mulheres que gostam de joguinhos. Não me leve ao cinema. Seja honesto. Leve-me a um motel barato e faça o que teve vontade de fazer desde que me viu pela primeira vez. Não diga que sou mulher para casar. Não me peça em casamento. Não peça meu telefone. Apenas faça o que veio fazer e feche a porta quando sair.)

- Ah... obrigada.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Rêve


Quando me olhou com aqueles olhos de montanha russa, desfiz-me em sua boca feito algodão doce. Senti como se tivesse passado os últimos dez anos, ininterruptamente, num carrossel. Desnorteada e zonza, entreguei tudo que tinha para dar, ele, então, atirou-me do ponto mais alto da roda gigante, partindo meu coração em mil pedaços coloridos. Desde esse dia só desejo a ele trem fantasma.