quarta-feira, 18 de março de 2009

Dos sadomasoquismos cotidianos

Carregava o peso do mundo nas costas. Culpas, mágoas, dores e feridas não curadas. Quem a via, com um sorriso crônico no rosto e a gargalhada assustadoramente sonora, podia imaginar as noites mal dormidas, os recalques, a amargura. A amargura que contaminava seu sorriso e fervilhava em seus olhos. Olhos atentos perceberiam. Os não tão atentos também notariam. Mas quantos olhos dos doze bilhões existentes no mundo realmente se importam? Quantos se detêm por mais de dois segundos sobre um estranho sem que seja por distração? Os sentimentos mal sentidos a sufocavam como um espartilho três números menor. Não se acostumava. Não se convencia. Não se perdoava. Queria o mundo inteiro infeliz. Só para se sentir menos sozinha. A felicidade monótona a irritava. Estrangulava sua calma. Não acreditava naquilo. Atores, todos uns falsos! Náuseas. Era o que sentia diante daqueles homens abrindo a porta do carro, puxando a cadeira e pagando a conta. Olhava para o lado e só via vidas de vidro. Frágeis. Ela sim era forte. Ela... que passara por tudo e ainda conseguia sorrir. Ela se bastava. Não precisava de ninguém para nada... a não ser para afrouxar as fitas do espartilho. Mas isso... isso ninguém queria fazer. Compaixão é uma virtude. E é sempre bom ter alguém para exercitar a piedade.

6 comentários:

...EU VOU GRITAR PRA TODO MUNDO OUVIR... disse...

Sempre provocadora,mas sempre dizendo o que tem para dizer!

Realmente encontrar alguém que se proponha a afrouxar os nossos nós ou os nós dos semelhantes é complicado!!!

Beijo é já sentia a sua falta!Sonia Regina.

Luana! disse...

saudades desses textos intrigantes

Anônimo disse...

Os textos que calam meus pensamentos!
...Bjus!
Apareça!

Ane Talita disse...

(...)

beijos.

Alan Carlos disse...

interessante

Gaby disse...

Adorei o post

*-*

BeijOs