terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Das armas letais



Desde criança já anunciava que seria uma mulher das mais orgulhosas. Todas as desculpas que pedira foram sob a coação da mãe. Nunca verdadeiras.

(...)

Amava-o com toda a intensidade possível. Só de pensar em sua vida sem ele sentia um nó na garganta e um calafrio.
Tinha convicção de que a relação não vingara pela teimosia dele. Como todo orgulhoso, ela era mestre em apontar justificativas e culpados.
Não perderam o contato mesmo depois de tanto tempo, mas não chegaram a ser amigos. Ninguém entendia a ligação entre eles.
Em um telefonema ela teve um rompante de coragem e até ensaiou:

- Queria te dizer algo.
- Diga.
- É que...
- Não elabore tanto, tudo que é elaborado demais perde a beleza.
- É que eu queria aquele livro que você estava lendo emprestado. Você já terminou?
- ...

Chorou até dormir, lamentando-se. Não acordou mais.

No atestado de óbito, com a letra ilegível do legista:

Causa Mortis: orgulho crônico.

3 comentários:

Gabriela. disse...

Minha flor, vc voltou. Que bom. Só falta a Barbara. Bem, nao escrevo mais no irônica. Tudo que tinha de bonito ali era sobre um passado que me fez uma ferida que dói há 1 ano. Tudo que é muito bonito termina muito feio, e eu nao me sentia mais em casa, tinha que mudar os ares, andava escrevendo ruim que só, ainda estou, mas numa estou de casa nova onde posso andar no escuro sem medo dos fantasmas, onde posso plantar sonhos novamente: www.apenasumamaca.blogspot.com

Vanessa Raiol disse...

ai o orgulho...

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Olá.

Se não fosse
a verdade,
o que seria
da vida?

O orgulho nos dá
uma importância
que não existe,
principalmente
se aprendemos
que nada nos pertence.


Que sempre existam
sonhos a habitar teu coração.